
Cientistas cultivam tecido humano vivo sobre esqueleto robótico
05 de Junho de 2022 às 08h00
Você já viu esse filme, robôs com tecido humano sobre um esqueleto de metal, programados para matar, esmagar, destruir, infiltrando-se em nossa sociedade, ocultos até a ordem ser dada e o extermínio da Humanidade começar.
Só quem aparentemente nunca viu um filme de ficção científica na vida é Pierre-Alexis Mouthuy e seu grupo de cientistas, ao menos é o que o paper que eles publicaram, Humanoid robots to mechanically stress human cells grown in soft bioreactors, dá a entender.
Cultivar tecido humano em laboratório por si só não é novidade, você precisa de células, uma placa de petri e um caldo de cultura pra alimentas as bichinhas. Tecido especializado é mais complicado, mas já se consegue muita coisa complexa.
A pesquisa, fora criar um T800 para nos exterminar, pretendia descobrir se era viável criar tecidos como tendões, cultivando-os em sua posição de uso. O método foi bem interessante:
Tendões e músculos precisam ser flexíveis, o que é complicado quando se usa uma placa de petri estática. Para tentar criar em laboratório tecido móvel, os cientistas construíram um biorreator flexível, que acompanhava o contorno de uma articulação óssea.
Mais ainda, o arcabouço usado para cultivar as células, uma espécie de “armação” ou “forma” mudava de forma quando o “braço” robótico se movia.
Com isso as células cresceram em sua posição final, acostumadas com a movimentação.
Os pesquisadores apontaram a nova tecnologia como forma de no futuro prover enxertos e implantes para pacientes, mas também reconhecem que isso pode ser usado para dar carne e pele a robôs.
Qual motivo um robô teria para precisar de carne e pele? Vários.
O mais óbvio são robôs voltados para... entretenimento, como a Pris, em Blade Runner ou a Six of Nine, em Tripping the Rift, e a já citada utilização de robôs para infiltração e espionagem, mas usos mais mundanos por si só já justificam a tecnologia.
Imagine um robô cuidando de idosos ou bebês. Quanto mais fugir do Vale da Estranheza, melhor, e pele de verdade. Quentinha, é um bom passo para fugir do Vale.
O crescimento do tecido variava de acordo com a quantidade de estímulo/exercício aplicada ao enxerto, mas ainda é cedo para determinar seu efeito. Os pesquisadores ainda estão analisando os dados, querem ter certeza de que a movimentação afeta realmente a amostra.
Já contando com essa descoberta, os pesquisadores estão pensando em robôs assassinos tecidos cultivados em modelos do esqueleto do paciente impressos em 3D, com perfeito encaixe substituindo os tendões e músculos lesionados.
Pode dar samba? Talvez, mas é o tipo de pesquisa que como toda boa ciência de base usa a filosofia hacker, fazer para descobrir se pode ser feito.
Se der certo, excelente. Teremos alguns anos de tratamentos médicos revolucionários, e outros bons anos de Caprica Six, antes de chegarem os T-800.

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